Lágrimas e testosterona
Gabriel Gomes Amorim*
Era um casal jovem! O marido era um atleta. Macho, metido a valentão. Como tal macho que se achava, lutava boxe. Há algum outro esporte que massageie tanto o ego dos bravos quanto as lutas? Já sua esposa era doce, era fiel e fazia de tudo para ver seu homem feliz. Na puerilidade da sua mente infantil, acreditava que seu
esposo devotava a ela a mesma fidelidade com que lhe tratava. Um engano, da
criação de macho que recebera da sua família também aprendeu: “homem que é homem não nega fogo!”
esposo devotava a ela a mesma fidelidade com que lhe tratava. Um engano, da
criação de macho que recebera da sua família também aprendeu: “homem que é homem não nega fogo!”
Ele era um bom lutador, profissional promissor. Mas tudo que construía nos treinamentos perdia na vida noturna. Fugindo da sua mulher com as desculpas mais descabidas (desculpas que ela engolia cegamente), ia para festas e perdia-se no álcool, no cigarro e no adultério.
Mas, diante de tamanho abuso, não houve mais ilusões para negar os fatos, a mulher em um lapso de sanidade aceitou que seu casamento nunca fora a perfeição com que ela sempre sonhara. A dor da perda foi tamanha que a sanidade deu lugar
a um desejo de vingança doentio.
a um desejo de vingança doentio.
Foi ao ver no jornal a matéria “Lágrimas e testosterona” e descobrir como o pranto da mulher amansava até os mais fortes dos leões, que ela bolou seu plano de vingança, tinha até data marcada para agir.
Seu marido iria disputar o cinturão e o título de campeão regional de boxe, tinha tudo para ganhar e disparar sua carreira. Mas antes do começo da luta, ela colocou o plano em ação. Foi com a cara mais lavada, de lágrimas, que ela lhe desejou boa sorte e limpou lhe o rosto com o lencinho umedecido em choro feminino. Não deu outra, ele perdeu a luta no momento em que foi acometido por uma compaixão, inexplicável, pelo adversário. Sentiu-se brando e menos macho, e tomando um direto no rosto, beijou tenro a lona.
Após esse episódio, eles se separaram. Ela saiu da cidade para morar com um homem que lhe batia, era a verdadeira “mulher de malandro”. Já ele
“afeminou-se”, ao descobrir o “poder” das mulheres. Desenvolveu uma fobia de lágrimas femininas.
“afeminou-se”, ao descobrir o “poder” das mulheres. Desenvolveu uma fobia de lágrimas femininas.
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