domingo, 19 de fevereiro de 2012

Linguística


                         O papel da Linguística no curso de Letras  


                A aplicação da Linguística ao ensino do português deu margens a inúmeras distorções e equívocos em que o ensino da língua materna mudou, tanto nas Universidades como nas escolas secundárias.

              A linguagem coloquial, pela qual a literatura sempre se interessou mais do que a escola, aparece nos chamados “textos de leitura” de nossos livros didáticos e estes propõem problemas, como o da variedade de funções da linguagem ou as especificidades da língua escrita em oposição à língua falada, que antes eram ignoradas na perspectiva gramatical ou histórico –  filológica.

                Percebe-se então, que o papel da Linguística no curso de Letras discute a importância formativa da Linguística para o futuro professor de Português, pois com ela tem-se uma visão ampla e não preconceituosa dos fatos da língua, pois as gramáticas tradicionais, em suas versões escolares, veiculam uma visão empobrecida das habilidades dos falantes de uma língua historicamente dada, e servem ao propósito de manter uma estratificação sociolingüística tão rígida quanto possível.                                                                                                                             Vale ressaltar também, que hoje em dia, estamos livres dos compromissos filosóficos que deram origem à gramática tradicional, pois o compromisso da Linguística é preparar o futuro professor para compreender a atividade de fala de seus alunos. Já que a gramática tradicional se revela tão pouco eficaz que chega a ser um fator de desvio, é preciso testar outros instrumentos.

                Percebe-se também, que por sua sensibilidade às situações em que se dá de fato o ensino de Português, a Linguística leva a um ensino diversificado, e alguns não hesitam em apontar aí o risco para essa coisa sagrada que são os “valores nacionais”. As manifestações contra a inclusão da lingüística nos currículos de Letras têm motivos definidos: exclui-se a linguística porque suscita a todo momento o contraste entre culturas dominantes e culturas relegadas, entre formas de expressão socialmente prestigiadas e formas de expressão despretigiadas, entre a solução de gabinete e as soluções de quem vive os fatos, entre a indústria de livros didáticos e grandes tiragens e os materiais cujo parâmetro são pessoas reais.

                Em suma, a Linguística tem um potencial formativo muito grande, pois introduz na formação do professor de Letras um elemento de participação ativa em análise da língua, que o habilitará a reagir de maneira crítica às opiniões correntes, e lhe permitirá, em sua vida profissional, avaliar com independência os recursos didáticos disponíveis e as observações e dificuldades de seus alunos. Também amplia as perspectivas a partir das quais a estrutura da língua pode ser observada, multiplica os horizontes do que se pode considerar curiosidade legítima acerca da língua e da competência para comunicar.                                          


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